Resposta:
Não!
Justificativa:
Radioamadores, nestes últimos anos,
temos ouvido muito questionamento quanto ao exame de proficiência em Código
Morse para promoção da Classe C para a B.
Os que querem a extinção do exame de
proficiência em Código Morse para promoção de classe alegam que o
Radioamadorismo estaria morrendo e que a não exigência deste exame seria uma
maneira de garantir a sobrevivência do Radioamadorismo.
Somos poucos Radioamadores no Brasil.
Estima-se um número 30 mil praticantes em todo o país. Não estamos mais nos
anos dourados do Radioamadorismo. Essa época acabou com o advento da
Internet. Na era pré Internet, DDD automático e telefonia celular,
o Radioamadorismo era uma alternativa para comunicação entre amigos e
familiares.
Atualmente, o Radioamadorismo atrai
outro público. Há uma grande procura ao ingresso ao Radioamadorismo por
jipeiros e praticantes de vôo-livre que desejam estar com suas estações móveis
legalizadas. Há também a procura por operadores da faixa do cidadão que
desejam poder se comunicar de outras formas. O Radioamadorismo atrai
ainda pessoas que desejam se aprofundar em novas tecnologias de
telecomunicações, conhecer os detalhes da propagação das ondas de rádio,
antenas e outros aprendizados e investigações científicas. Também
há os interessados por competições, DX, obtenção de diplomas e
comunicações de emergência.
Com a nova Norma 452 de 11 de
Dezembro de 2006 da ANATEL, que rege o Serviço de Radioamador no Brasil, não é
mais necessário prestar exames de Código Morse para o acesso às bandas de HF.
Com a extinção da Classe D, os Radioamadores desta classe foram automaticamente
promovidos à Classe C. O Radioamador da nova Classe C, sem a necessidade de
prestar exames de Código Morse, pode transmitir nas bandas de 80m, 12m e
10m em toda a extensão destas bandas e em segmentos das bandas de 40m e 15m.
Desse modo, os Radioamadores da antiga Classe D e os ingressantes na nova
Classe C já usufruem dos privilégios de utilizar as bandas de HF.
O Radioamadorismo não é simples
passatempo. É um serviço que permite ao praticante a chance de conhecer e
estudar matérias como: operação de equipamentos de áudio, Eletrônica,
modulação e demodulação de sinais digitais, ondas e propagação e tantos outros.
Se trata de uma atividade cuja a finalidade é o aprimoramento técnico do
praticante. O Radioamadorismo é o berço de muitas tecnologias que encontrarão
uma aplicação comercial e avançar as tecnologias de telecomunicações. Quando o
praticante se nega a conhecer uma destas disciplinas, ou pior ainda, combate
uma prática, está podando o seu próprio direito de aprimoramento e acesso
ao conhecimento.
Infelizmente, vivemos em uma
sociedade que quer obter gratificação instantânea em tudo o que faz. No caso do
Radioamadorismo, a prova de proficiência em Código Morse, para o acesso a
Classe B, se constitui em um enorme obstáculo para obtenção desta
gratificação instantânea. Para ser promovido ou ingressar diretamente na Classe
B, o candidato precisa estudar. Dedicar algumas horas para obter um resultado
através do estudo é uma enorme barreira para quem está acostumado obter gratificação
instantânea.
Quem quer a retirada do exame de
proficiência em Código Morse, caso a extinção aconteça, não pleiteará em
seguida o término da prova de Radioeletricidade? Haverá alegação que essa
prova não tem sentido, pois os equipamentos do Radioamadorismo são comprados
prontos. Seria perdida uma nova oportunidade de aprender e progredir.
Conforme a legislação vigente, o
serviço de Operador da Faixa do Cidadão não requer de seu praticante nenhum
tipo de prova ou exame para obtenção da licença de operador. Isso faz que
tenhamos um grande número de operadores da Faixa do Cidadão despreparados e sem
conhecer a legislação do exercício da atividade. É comum escutarmos operadores
da Faixa do Cidadão transmitindo em frequências aonde não têm permissão e,
muitas vezes, perturbando e impedindo a comunicação dos Radioamadores do mundo
todo. Os maus operadores da Faixa do Cidadão brasileiros são constantemente
citados como fontes de interferências pelo o sistema de monitoramento da IARU (International
Amateur Radio Union) o que evidencia o desrespeito e o despreparo
destes operadores.
No Brasil há um número significativo
de analfabetos funcionais. Isto pode se dever ao fato de que gradualmente
se é exigido menos da nossa população. A política do paternalismo e
clientelismo está instaurada em nosso país e é essa cultura que se deseja
instalar no Radioamadorismo com a extinção dos exames de Código Morse.
Observa-se que muitos dos
praticantes do Radioamadorismo já foram operadores da Faixa do
Cidadão e abandonaram este serviço devido ao péssimo nível dos operadores
que lá estão. O mesmo acontece com banda de 2m. O barateamento dos equipamentos
para a faixa de 2m e a baixa exigência para o Radioamador Classe C, estão
atraindo pessoas despreparadas, o que afasta até os bons Radioamadores Classe
C desta faixa.
É isto o que queremos para todas as
outras faixas destinadas ao Radioamadorismo? É esta a imagem que queremos que o
Brasil tenha perante todo o mundo? Um Radioamador é também um embaixador de seu
país, pois as ondas eletromagnéticas se propagam além das fronteiras! Por isso,
a exigência da prova de proficiência de Código Morse não deve ser abolida, pois
é uma maneira de selecionar por esforço e mérito os que terão melhores
condições de para usar as frequências destinadas ao Radioamadorismo! Para poder
qualificar melhor os Radioamadores, outras exigências de conhecimento deveriam
ser pontuadas, como noções jurídicas e o aumento do grau exigência dos
conhecimentos técnicos e de legislação. Por ser o Radioamador um embaixador de
seu país, por que não se exigir também pequenas noções de Direito Internacional
e de uma língua estrangeira? Por que não se exigir conhecimentos específicos
sobre comunicações em situações de desastre e calamidades públicas?
Atrair novos Radioamadores e zelar
pela continuação do Radioamadorismo são funções da LABRE. A LABRE precisa
promover cursos de Legislação, Ética Operacional, Radioeletricidade e
Transmissão e Recepção de Sinais de Código Morse e mostrar a importância do
conhecimento dessas matérias para a prática do Radioamadorismo. O fato de haver
reclamação quanto a exigência do exame de proficiência de transmissão e
recepção de Código Morse deixa claro que este papel não está sendo cumprido. A
LABRE precisa estreitar laços e cooperar com organizações como a Cruz Vermelha,
Defesa Civil e o Movimento Escoteiro que se beneficiarão caso seus membros se
tornem Radioamadores. A LABRE precisa mostrar para o governo e a
sociedade a sua finalidade e importância histórica. Se mesmo entre os
Radioamadores há dúvidas sobre a finalidade e importância da LABRE, o que dizer
do conhecimento sobre a LABRE da população em geral? O próprio Ministro das
Comunicações Paulo Bernardo da Silva demonstrou não saber da existência de
Radioamadores no Brasil em audiência concedida a LABRE em Janeiro de 2012. Não
está a LABRE falhando em sua missão?
A deficiência da LABRE em cumprir o
seu papel é reflexo do comportamento dos próprios Radioamadores. Quantos
reclamam da atuação da LABRE sem serem associados? Quantos Radioamadores estão
efetivamente contribuindo ou participando das atividades promovidas por ela?
Recentemente, a LABRE Rio Grande do
Sul promoveu atividades sob o nome de “LABRE de Portas Abertas”. As atividades
contemplavam cursos e palestras para para incentivar a promoção dos
Radioamadores da Classe C para a Classe B. Um curso de transmissão e
recepção de sinais de Código Morse foi oferecido. Após ampla divulgação,
esperava-se grande número de interessados em participar. O resultado desta ação
foi decepcionante: o programa foi extinto por falta de participantes. Os Radioamadores
não se interessaram. Então, qual é a solução? Reclamar que a LABRE não é
atuante? Querer a extinção do exame de proficiência de Código Morse? Reclamar
da LABRE nas repetidoras de VHF? Nivelar por baixo?
Radioamador, se você deseja o
fortalecimento da nossa nobre atividade e ver mais Radioamadores
qualificados e atuantes, defenda a instituição que o representa, a LABRE!
Participe das atividades da LABRE do seu estado e acima de tudo, ofereça seu
tempo para a instituição e contribua. Veja os exames de acesso e promoção como
forma de verificar seu esforço e seu mérito. Estude, aprimore-se, conheça novas
modalidades dentro do Radioamadorismo e incentive a boa prática. Experimente o
Código Morse e constate a eficiência desta modalidade para fazer contatos com
estações ao redor do globo terrestre. Cresça, que o Radioamadorismo também
crescerá.
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