sexta-feira, 18 de abril de 2014
Dia Mundial do Rádio Amador - 18 de abril
Com as comunicações telefônicas facilitadas o radioamador
gasta menos tempo tentando passar recados para lugares incomunicáveis por
outros meios. Esse tempo que lhe sobrou tem sido empregado na pesquisa
científica, nas comunicações digitais ou via satélite.
O
início
Desbravador nas comunicações
Em 5 de novembro de 1901 Marconi cruza o
Atlântico com sinais de rádio. A imprensa escrita se reportou ao fato com
júbilo e triunfo. Começava a era do “sem fio”. Desde então o radioamador tem
sido pioneiro, descobrindo novos modos de transmissão em novas faixasde
operação. O Radioamadorismo virou laboratório para quase todos os grandes
projetos técnicos e operacionais que alavancarama existência humana no mundo
das comunicações.
O Radioamadorismo
É um dos mais fascinantes, versáteis e
instrutivos hobbies científicos. Teve início com os transmissores e receptores
de telegrafia em ondas curtas. Hoje incorpora alta tecnologia, envolvendo até a
construção, lançamento, rastreamento e operação de satélites.
Com quase um século de atuação e com sua
freqüente contribuição ao desenvolvimento tecnológico mundial, os radioamadores
conquistaram o respeito dos governos e a admiração de largas camadas da
população.
Por definição, o radioamador é a pessoa que
utiliza ondas eletromagnéticas dentro do espectro de radiofreqüênciadelimitado
por convenções internacionais. As experiências lhe permitem contatos em âmbito
mundial com pessoas de interesses similares. Tudo sem qualquer finalidade
lucrativa. Para se tornar radioamador é necessário prestar exames junto ao
Ministério das Comunicações para a respectiva classe que vai operar.
A habilitação consta de conhecimentos de
legislação específica, rádio-eletricidade, prática telegráfica e ética
operacional. Estima-se hoje a existência de mais de 2,5 milhões de
radioamadores espalhados pelo mundo (550 mil só nos EUA; 350 mil no Japão; ao
redor de 40 mil entusiastasno Brasil, etc.). A nível mundial os radioamadores
são representados pela IARU.
O padre gaúcho Roberto Landell de Moura
incorporou em 1904 a modulação ao rádio, quando se pôde transmitir voz pelo
“sem fio”, que até então só transmitia sinais telegráficos. Patenteou o invento
nos EUA, cuja validade expirou em 1921, não sendo renovado o registro. Os
comunicados eram feitos ponto-a-ponto, até que David Sarnoff idealizou uma
estação transmissora para muitos receptores. Fundava a Radio Corporation of
America -RCA -e começava aí a radiodifusão (broadcasting).
Outras Modalidades
Nem só de telegrafia (CW,do inglês continuos
Wave) ou fonia (voz) vive o Radioamadorismo. Um radioamador pode usar seu
equipamento para a transmissão/recepção de dados, interligando-o a um
computador e a similares no mundo inteiro.
A isso se denomina packet radio
(rádio-pacote). Da mesma forma transmite/recebe sinais de telex (rádio-teletipo
ou RTTY) e fac-símile (fax) , além de outras modalidades digitais largamente em
uso, como PSK, MT63 e até o velho modo Hellschreiber, inventado pelos alemães
na 2ª Guerra Mundial. Tudo isso trocando a linha telefônica pelo transceptor de
rádio. Também a transmissão de imagens vem se dinamizando nas modalidades SSTV,
que é a televisão de varredura lenta, que possibilita enviar/receber
fotografias em cores de alta resolução. Existe também a televisão amadora ou ATV,
imagens com cor e acompanhadas de sons.
O Radioamador na Internet
O pioneirismo do radioamador mais uma vez se
comprova em relação à Internet, a maior rede de computadores do mundo. Ao invés
de conectar o sistema via modem, que ainda enfrenta dificuldades face aos
ruídos e congestionamento da rede telefônica, o operador de estação
radioamadora pode fazê-lo através de seu equipamento.
Essa evolução permite hoje que provedores de
Internet ofereçam serviços de acesso via rádio a usuários corporativos ou qualquer
cidadão, trafegando no espectro de microondas a uma velocidade de até onze
milhões de informações por segundo (11 Mb/s). Portanto, é falsa a idéia de
associar radioamador a um velhinho grisalho com fones no ouvido batendo num
manipulador telegráfico usando expressões codificadasem frente a enormes
caixões de abelha. Pior que isso: gerando interferências no sinal fraco de sua
televisão. Pelo contrário, tem sido ele o pesquisador/descobridor dos grandes
eventos no mundo das comunicações nos últimos cem anos.
Do forno de microondas ao Telefone Celular
As comunicações radioamadorísticas nas bandas
de VHF e UHF, com o auxílio de repetidoras lincadas entre si, deram origem à
telefonia celular, hoje comum a qualquer cidadão. As repetidorasdo serviço de
radioamador na banda de VHF possibilita que com baixa potência se cubra grandes
extensões territoriais. Por analogia, se estivermos com o aparelho celular
ligado e operando em área coberta por um radiotransmissor, ele nos localiza
onde quer que estejamos. O telefone celular veio ao mercado como o complemento
ideal do telefone convencional. Na verdade o sistema de telefonia celular
consiste num rádio que opera em altas freqüências dentro da banda de UHF.
Transmite num canal e recebe noutro, espaço que no Radioamadorismo se
convencionou chamar de “split” (decalagem ou diferença entre as freqüências de
transmissão e recepção). Saiba que a privacidade é bastante relativa, pois por
mais dispositivos de segurança implantados, você pode estar sendo “corujado”
(ouvido) por receptores que captam essa faixa, e até alguns televisores com
banda UHF ampliada podem bisbilhotar suas conversas. O forno de microondas (que
não passa de um rádio-transmissor de UHF) também é um invento patrocinado pelos
radioamadores.
A Propagação
Uma estação radioamadora necessita de
transmissor/receptor para operar. No início eram construídos separadamente. Não
havendo componentes no comércio, o próprio entusiasta tinha que fabricá-los
para finalizar seu equipamento.
Logo os americanos assumiram a hegemonia no
mercado e a partir da década de 70 os japoneses passaram a dar as cartas neste
setor, através do emprego maciço de tecnologia, via de regra desenvolvida pelas
próprias experiências e pesquisas do radioamador. Para ver tudo isso, visite nosso
museuvirtual do RadioamadorMais do que um hobby, a brincadeira virou ciência,
dando origem a outras modalidades de comunicação e descobrimentos. Os contatos
são realizados em freqüências específicas dentro de uma determinada banda (ex.
160, 80, 75, 40, 20, 17, 15, 12, 11, 10, 6 metros). Este espectro se denomina
HF (Alta Freqüência). As faixas de VHF correspondem aos 2 e 1,35 metros. Em UHF
temos as bandas de 70, 33 e 23 centímetros. Esses números correspondem aos
respectivos comprimentos de onda.
Equipamentos e contatos
A maior incógnita no mundo das transmissões
de rádio reside nas condições de propagação do sinal. As ondas de rádio viajam
pelo espaço livre a uma velocidade de 300 mil km/segundo. Dependendo das
condições atmosféricas e topográficas os sinais percorrem maior ou menor
distância (repetidoras)em linha teoricamente reta.
Existem sinais que se propagam por refração,
ou seja, saem da antena transmissora, sobem até atingir uma camada na atmosfera
(ionosfera) e baixam até a antena receptora, formando um triângulo imaginário.
A altura em que se encontra a camada refratária é que vai determinar a
distância que o sinal será jogado. Quanto maior for o comprimento de uma onda
de rádio mais ela tenderá a acompanhar o relevo da terra e mais sujeita às interferênciaselétricas
estará.
É o caso do rádio em Amplitude Modulada (AM)
interferido por descargas elétricas em dias chuvosos. À medida que a freqüência
vai crescendo seu tamanho de onda vai diminuindo, e conseqüentemente a
tendência é propagar-se em linha reta. Neste caso as antenas devem ficar o mais
alto possível do solo para que possam “se enxergar”, como diz o jargão
radioamadorístico. Isso é válido também para transmissões de TV, tanto em VHF
como em UHF.
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