terça-feira, 16 de julho de 2013

O Transceptor Delta 500 - O Deltão

O clássico da Delta


 Entre a classe de radioamadores brasileiros existem muitas coisas em comum:

A primeira delas é que boa parte dos operadores de estações amadoras foram (ou ainda são) permissionários da Faixa do Cidadão (do inglês Citizen Band), aqui no Brasil prefixados como PX. Cabe ressaltar que o Serviço de Rádio Cidadão não deve ser confundido com o Serviço de Rádio Amador, duas matérias distintas e Normatizadas individualmente pelo poder concedente, no caso o Ministério das Comunicações. E a segunda coisa compartilhada no meio radioamadorístico é que os titulares das estações provavelmente já tiveram (ou ainda têm) em seu shack um transceptor da Delta, sendo o modelo Delta 500 (e seus derivados) o mais usual, embora outros modelos também se destacam. Na verdade, o Delta 500 tem muita história para contar, e elas são contadas diariamente nas faixas de operação.

Quem ainda não ouviu falar de um Deltão?

A partir do Delta 500 cara azul (foto acima), como é conhecido no meio radioamadorístico, pois esta é a cor do painel do equipamento, outros modelos foram lançados, como o DBR 500 II(chamado cara preta, embora a cor seja cinza), DBR 550 (display analógico e frequencímetro externo opcional) e DBR 550 II, com frequencímetro digital de série (ao lado), todos eles incorporando melhorias em relação aos antecessores.

A Industria de equipamentos Delta


Fabricante de equipamentos eletrônicos e de sonorização externa e de ambientes, a Delta ousou lançar um transceptor de banda lateral (SSB) para a comunidade radioamadorística brasileira, que até então estava acostumada aos transceptores de Amplitude Modulada (AM) de fabricação caseira, da própria Linha Delta, no caso os modelos 100, 120 e 310, por exemplo; ou aos estrangeiros mais sofisticados.

O que diz o Handbook do Radioamador - obra de autoria do colega:  Iwan Halász - PY2AH:
"... no Brasil a indústria mais antiga que produziu transceptores para radioamador, por iniciativa abnegada de seu saudoso fundador Felicíssimo de Oliveira Júnior, é a Delta. Mantendo respeitável distância da sofisticação dos produtos japoneses, a Delta procurou oferecer aos radioamadores uma alternativa modesta, mas confiável; com potência suficiente para dispensar um amplificador linear, sem, porém, poder evitar que a relação benefício/custo de seu produto fosse muito inferior aos equipamentos importados. Mesmo assim, com o seu preço absoluto ligeiramente inferior ao do importado, e sendo facilmente acessível aos radioamadores afastados das fontes destes, o transceptor Delta se tornou, ao longo dos anos o "Fusca" de largas camadas de radioamadores, até que ficou totalmente defasado em tecnologia e preço em relação ao produto japonês."



Efetivamente o Delta 500 ou DBR 550 tinham preço mais compatível com o tamanho do bolso do radioamador brasileiro, embora não atendessem todas as suas exigências.

O Deltão pagou o preço da ousadia e sofreu a inevitável comparação com concorrentes muito mais poderosos. Resta saber se um dia haverá publicamente esse reconhecimento. Ganhou apelidos alusivos à sua boa capacidade de transmissão (duas válvulas 6KD6 no tanque final), mas a sensibilidade e seletividade na recepção não eram compatíveis com o que já se dispunha nos importados da época.

Enfim, foi um projeto arrojado e corajoso que serviu (e continua servindo, mesmo não sendo mais produzido desde os anos 80) satisfatoriamente a uma classe de cidadãos que encontram no radioamadorismo seu hobby predileto.

O radioamador já teve ou tem um Delta. 
Essa relação virou marca registrada entre o radioamador brasileiro e o Deltão, pois nunca houve como ficar indiferente.

Obrigado ao fabricante Delta por nos proporcionar horas de sadio lazer através do rádio, inclusive para elogiar ou criticar seus produtos. 


Este é o Delta 500 da estação PY7FR (Presente do professor de telegrafia seu Felipe PY7BJA)


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